domingo, 6 de janeiro de 2013

'''-Um Espirito Contrito, Um Coração Quebrantado & O Poder de uma Oração-''' 2ª Parte ( A Travessia)



         E assim, sob um Tímido Sol do meio dia, pois o céu nublado abrira espaço para que o Astro Rei se apresentasse, adentramos ao Velho Bosque de Arbustos, Espinheiros, Carvalhos, Secóias, Sorveiras, Faias, Coníferas e Caducifólias, de arvores frutíferas, pouco se via. Com passos firmes e cuidados abrimos caminho partindo trepadeiras e o mato alto que recobria a estreita trilha, a muito não usada.
         Para Violett era tudo novo. Vivian e eu trocávamos olhares e sorrisos de Alegria, admirando a perplexidade com que nossa Filha fitava, boquiaberta, o “novo mundo” de tons desbotados, sons diversos e fragrâncias distintas que a nós se abria, envolvendo-nos a medida em que avançávamos. Parecia dedicar atenção a cada arvore, atenta a todos os “pios, coaxos, uivos e sons e cantos de pequenos insetos.  Faceira, apontava para todo e pequeno animal ou pássaro que fugia ou se entocava assustado com a nossa ruidosa passagem. Nossa lobinha, Foxy, dormia, mesmo com o balanço irregular de nossa carroça. Vivian, sentada também sobre o carro entoava antigos cantos à Natureza enquanto fazia finas tranças nos  cabelos de Violett.
         Durante um período de poucas chuvas levaríamos cerca de quatro horas de caminhada até a estrada principal, cruzando o largo rio. A Forte Chuva e Tempestade desta temporada tornava dificultoso nosso caminho, pois, as chuvas favoreceram ao crescimento de mato sobre a trilha e a tempestade quebrara galhos, derrubara troncos podres e espalhara tudo. Ao que me parece, levaríamos muito mais tempo, serpenteando, cruzando por troncos caídos, pedregulhos e lamaçais, ainda enfrentando subidas e descidas até que chegássemos ao Largo Córrego. Estávamos juntos, o que é o mais Importante, se necessário passaríamos a noite na cidade, contrariando a minha vontade, pois, temo que muitas coisas tenham mudado nas cidades e que já não haja mais lugares Calmos e Pacíficos.
         - Rafa!? Me preocupa que tenhamos de deixar a Segurança de nosso Lar, para entrar na agitação da Cidade. Por lá, há aqueles com o Desejo de Barganha sobre os demais. Há Violência... Também, não precisamos tanto assim de algo que provenha das cidades.
         Vivian, assim como eu. Sentia as Mudanças que estavam acontecendo. Me pus a simplesmente ouvi-la.
         - Sabe. – Continuou- Sinto que... Estes sejam Tempos Difíceis. As noites tem sido cada vez mais Longas e Escuras, e não me diga que se trata do prenuncio do Inverno... Eu Vejo... E vejo que você também teme que em breve não existam mais locais Seguros.
         Conhecendo bem sua Sensibilidade, não deveria deixar-lhe sem resposta sobre seus Pensamentos, Temores e Pressentimentos.
         - Vivi... Nem tanto por nós, minha Amada, mas... Podem estar precisando de ajuda pela Cidade ou Vilarejos. E, somente se tivermos Conhecimento de como anda a Situação por lá, é que poderemos melhor nos preparar e proteger. Nossa pequena esta crescendo rápido, é Importante que Conheça a Realidade do Mundo lá fora (...), A Fome, o Medo, a Violência... O mundo tornou-se em um Campo de Predadores... A Ingenuidade pode lhe ser Danosa, mas sua Pureza não se perderá.
         Não posso dizer que trouxe mais Tranquilidade e Segurança à Vivian, mas, pude perceber que sentia-se melhor por ouvir meus medos.
         Com três horas de viagem, Violett adormeceu. Não chegamos ao fim de nossa jornada, mas estávamos muito próximos ao meio do caminho. Sinal disto era o audível som e o frescor do Córrego que teríamos de cruzar. Tudo transcorria bem, de forma tranquila, embora não facilitada.
         Árduo era nosso percurso. O peso de nossa carga fazia com que as rodas de nosso carro fizessem profundos sulcos na lama, atrasando-nos ainda mais. Foxy, preguiçosa, embora acordada permanecia quieta e deitada. A fim de contribuir para nosso progresso, Vivian desceu da carroça, e enquanto eu girava as rodas, ou empurrava o carro, ela puxando a mula pelas rédeas estimulava o animal oferecendo-lhe feno e cenouras.
         Já próximos do Córrego, deixei-as ao Limite do Bosque com a orla do rio sob a proteção oferecida pelas arvores, para que eu pudesse avaliar as possibilidades de cruzarmos para a outra margem sobre um ponto raso e estreito, porém, o local ao final da trilha era profundo e estava perigosamente agitado devido as chuvas recentes...  Voltando para junto de minhas Amadas, pedi-lhes que descessem do carro, afim de esticarem as pernas, para que fizéssemos um lanche, e também para que eu pudesse sair a percorrer a margem do rio em busca de um ponto de fácil travessia.
         Ao contrario de toda a agitação do Córrego o Bosque estava Bucólico e Silencioso, e os Céus enchiam-se de nuvens novamente. Descarreguei o carro, para que a pobre mula também tivesse seu descanso. Foi quando repentinamente, Foxy levantara-se de orelhas arqueadas, farejando a toda volta, por fim começou a rosnar, como que ante uma ameaça. Toda esta sua agitação deixava a mula inquieta e assustada. Tive que usar de grande força para segurar as rédeas e conduzir o carro até uma arvore para amarrar a agitada mula. Embora minha atenção estivesse totalmente focada naquela situação, podia sentir a apreensão de Viviam e o medo de Violett.
         - Rafa! –Foi a única expressão de Vivian, antes de passar a acalmar a Soluçante Violett.
         Passado o primeiro Susto, de conter a mula, sobreveio o segundo... Foxy, ainda agitada sobre o carro, começou a rosnar em Ameaça, fitando-me profundamente. Foi quando avançou rapidamente, com grande Fúria. Sem tempo de defender-me fechei os olhos à espera do Ataque, porém, eu não era seu alvo, Foxy no último momento saltou sobre mim em direção às Profundezas do Bosque, e não havia como impedi-la. A mula estava tremendamente assustada, pus a mão sobre seu dorso, seu coração parecia a ponto de saltar para fora.
         Quando de volta a Companhia de minhas Amadas, evitei por um certo Tempo falar qualquer coisa, limitando-me a apenas sentar-me junto delas, tendo Violett entre mim e Vivian. Acariciava os cabelo de suaves cachos de minha Adorável filha, quando Vivian Beijou-me Ternamente. Eu precisava daquela Paz familiar. Quando...
         - Ela vai voltar papai. Ela foi brincar com seus amigos.
         A Certeza com que Violett falara, chamou-me a Atenção para a maturidade com que encarava o fato da partida de Foxy.
         - Claro que sim meu bem. – Continuou Vivian. – Mas não podemos nos esquecer que ela tem uma família também. E ela pode querer ir embora.
         - Não mamãe. Ela gosta de mim, ela vai ficar... Ela só foi brincar. Ela me disse.
         Ouvindo a forma como minha Pequena falava, me trazia antigas duvidas à mente... Mas se fossem como eu suspeitava, tudo já teria sido revelado, mas não. Eu deveria me concentrar em nossa jornada.
         - Rafa, temos que prosseguir, para que possamos voltar logo pra casa.
         - Você esta certa. Vou encontrar um local para nossa travessia, e volto para buscá-las. Temo que tenhamos de carregar todo o peso sem poder cruzar com o carro.
         Já havíamos perdido muito tempo, e este era um luxo do qual não podíamos nos privar...  Retomando o foco voltei ao Córrego, percorrendo sua margem e seguindo seu curso. Ali, naquela área aberta podia-se ter uma maior ideia dos estragos causados pela ultima tempestade, via-se galhos quebrados e troncos partidos. Enquanto caminhava, levava comigo a sensação de estar sendo observado, olhei para traz na esperança de ver minhas Amadas me observando ao longe, mas não havia ninguém... Por vezes ouvia sons de galhos partindo e pisadas fortes, vindos do interior do Denso Bosque, e por mais que eu estreitasse os olhos a fim de aumentar o foco... Nada via, quando muito, arbustos que sendo agitados, apontando a direção em que eu seguia. Gelei quando do por entre os galhos, ouvia-se sons como que de luta, sons fortes, talvez intensificados pela acústica, ou batalha travada entre animais de grande porte...
         Eu tinha de me apressar e encontrar logo um ponto em que pudesse a cruzar o rio. Tentei atravessar sobre diferentes pontos, mas, com a forte correnteza, não teríamos segurança alguma. Continuei a seguir o curso do rio por uma acentuada curva em seu rumo, então voltei a ouvir “a luta”, quando sobreveio o som de um tremendo urro, como de profunda dor... Naquele momento parei, para que pudesse ouvir mais e melhor me preparar para uma possível e desagradável surpresa... Mas, não havia nada, senão o alto som do rio. Continuei.
         Tenho certeza de que não caminhara mais do que um longo quilometro, quando ouvi o forte som, como o de uma grande tronco sendo partido, seguido de um “baque” distante, então uma revoada se agitou e cruzou sobre mim. Também um outro som veio até meus ouvidos, um som já familiar, vindo de mais a frente... Um Uivo, possivelmente de Foxy, e mesmo que fosse, deveria me aproximar com cautela, pois não sei como me receberia. A passos cautelosos me aproximei, percorrendo uns sessenta metros até que melhor pudesse contemplar a Inacreditável Visão diante de meus olhos...
         Realmente era Foxy que eu ouvira Uivar, e estava visivelmente ferida, sentada em “Sentinela” por sobre um grande tronco de arvore que caíra ligando as duas margens do Córrego, sobre um ponto onde era mais largo, o que diminuía sua agitação. O tronco como que uma barragem improvisada reduzia consideravelmente o fluxo, possibilitando a travessia sobre uma área pedregosa, mantendo a água ao nível de minha cintura. Agora era hora de voltar, com Foxy em meus braços e buscar minhas Amadas, Esposa e Filha para que assim pudéssemos completar mais esta tarefa em nossa jornada às cidades. E assim, com grande cansaço, mas satisfação por conseguirmos, realizamos a travessia do córrego, estando muito próximos do caminho de ligação do rio com a estrada das Cidades. Este Caminho, ao contrario de nossa trila, era largo e limpo de entulhos, era costumeiramente usado por pescadores e caçadores. Nesta margem, acredito que os perigos sejam maiores, pois estaríamos cada vez mais próximos de “Civilidade”. Agora com todos sobre o carro e com nossa mula descansada, avançávamos rapidamente, enquanto minhas Amadas tratavam de nossa familiar ferida.





quinta-feira, 18 de outubro de 2012

'''-Um Espirito Contrito, Um Coração Quebrantado & O Poder de uma Oração-''' 1ª Parte ( Fé-Graça-Partida)


                Três dias foram necessários para que fosse possível por Tudo em ordem. 3 longos dias de muito trabalho e pouco Descanso, mesmo assim nos distraíamos e nos Divertíamos como nos era possível em meio a tanto trabalho. De minha parte, todo o entulho foi acomodado em cinco pequenos montes, desta forma aumentando nossa reserva de lenha para o que se anunciava como a Prévia de um Rigoroso Inverno, também para queima do que não fosse possível tirar proveito. Portas e janelas foram reforçadas por dentro a fim de não sofrêssemos com Sustos causados por Vendavais e pudéssemos nos prevenir de Possíveis e Futuros arrombamentos. Como medida  Favorável a Saqueadores, a pedido de Vivian, ergui uma pequena aça junto a nossa casa, onde depositaríamos uma pequena quantidade de alimentos, esperando desta forma, pouparmos nosso Armazenamento e Segurança de nossa Família... O Saqueador ficaria com o que estivesse do lado de fora.
            Vivian e Violett se encarregaram da limpeza e organização da casa. Não possuíamos muito além do necessário para o nosso conforto, mas o pouco que possuíamos fora espalhado por  todos os lados, arremessados pelos Ventos do Vendaval passado. Em muito pouco pude ajudá-las, ainda assim, esforçávamos em criar pequenos jogos e brincadeiras para Divertimento e Motivação de nossa pequena. Era Mágico contemplar aquele Sorriso, nos trazia conforta à Alma. As tão Doce Violett e tão Bela Vivian, deram um Delicado toque feminino ao nosso Lar, espalhando pela casa pequenos arranjos de Folhas e Flores secas, com fitas e cipós tingidos.
            Aqueles eram dias Cinzentos. Todo o Brilho do meu tão aguardado Outono havia se perdido. A Chuva intermitente e a Neblina subsequente desbotavam todo o laranja e Vermelho das copas, folhas e o verde arbustos. O Ar Frio a tudo envolvia em um Abraço de um Profundo e Bucólico Sono. Podia-se ver, de forma deprimente, como pouco a pouco pesadas folhas lançavam-se para seu Leito de musgo sobre o chão. Arbustos enegreciam e murchavam, e Troncos mais esguios se curvavam Pesados e Sonolentos. Víboras, Aves, Répteis, Feras, Insetos, Bestas e toda uma Sorte de Animais Viventes dos Céus, da Terra e também de debaixo dela recolhiam-se às suas tocas, ninho, cavernas e buracos.
            O Inverno se anunciava.
            Ao final de todo o trabalho, como recompensa ao nosso Empenho e Esforço em Transformar nossa Arrasada morada novamente em um Lar Seguro e Belo,ao cair da Noite, nos reunimos em torno da crepitante e acolhedora lareira, a fim de nos aquecermos e cearmos, com o Propósito de entrarmos em Comunhão com o nosso Senhor e Pai Celestial; Nutrindo nosso Espírito com Sua Palavra e Ensinamentos... Assim, reunidos em Família e com Grande Espírito de Gratidão por nossa Segurança, Bênçãos e Graças alcançadas, Vivian, Violett, “Foxy”(a convalescente lobinha batizada por nossa filha),
e eu, realizamos nossa Noite Familiar. Rimos e Jogamos, Lemos e Estudamos partilhando de Edificantes passagens e Escrituras do Livro Sagrado.
            Por mais que houvesse tanto a me preocupar ao ponto de perturbar-me a Mente deixando-me inquieto e, percebendo que Vivian também estava com um Grande aperto no peito... Sorriamos de Espírito Leve. Eu em particular senti um Grande conforto em ver minha Família tão bem.
            Ao dar por encerrada nossa reunião, quando fazíamos nossa Oração Familiar, senti novamente aquele Calor envolvente e Acolhedor comprimir-me o peito. Deixando Violett em sua cama e ao ouvir sua oração um nó se fechou em minha garganta, e pude ouvir Vivian soluçando quando juntou-se a nós para dar um beijo de boa noite a nossa pequena.
            A manhã veio Leve e Silenciosa, ao contrario de meu sono que fora pesado e poderia apostar que de certo ruidoso. Acordei e aos poucos fui abrindo os olhos tentando me acostumar com a luz forte que entrava pela janela. Tateei a cama a procura de Vivian se ausentava. Meus olhos ainda se acostumavam com a luz quando pude sentir um doce aroma de chá de maçã e biscoitos. Quando por fim a Luz já não perturbava testifiquei dos biscoitos e chá, sorri, pois havia também pequenas flores silvestres sobre a bandeja no móvel ao lado da cama.
            -Papai! Bom dia papai!
            Violett entrara correndo quarto adentro, atirando-se por sobre mim, ria, pulava e se contorcia enquanto lhe fazia cócegas. Deitei-a ao meu lado pondo a mão sobre ela. Admirava sua Doçura e respiração ainda ofegante quando algo úmido e áspero percorreu minha mão...  Era Foxy, farejando e lambendo-me os dedos.
            - Ela se recupera muito rápido. – Disse Vivian entrando pelo quarto. Havia um Brilho diferente sobre ela. E continuou. – Tão logo acordei fui ao quarto de Violett, Foxy estava aos pés de sua cama. Ela anda com dificuldade, mesmo assim e sozinha subiu as escadas.
            Percorri com o olhar, de Vivian para Foxy, agora deitada ao lado de minha cama. – Já se passou meia manhã, não?!
            - Sim, mas você dormia pesadamente e carecia de repouso, achei que seria melhor que descansasse. – Respondeu-me Vivian. – Aproveite o chá e os biscoitos enquanto estão quentes. Violett fez questão de trazer Flores para o Papai. Venham vocês duas! Assim retirou-se Vivian acariciando Foxy e bagunçando os cabelos de Violett.
            Antes que saísse em disparada, minha pequena deu-me um beijo e pegou dois biscoitos, para ela e possivelmente para sua nova amiga. Saindo, Foxy a seguiu com passos incertos.
            Enquanto desfrutava de meu delicioso lanche – Saboroso, por sinal (um chá de macieira e biscoitos crocantes). – Meus pensamentos mão se afastavam de Foxy... Sua rápida recuperação e súbito apego a nós, em especial pela Pequena, também me intriga sua conformidade conosco... Como sua nova “matilha”?. Esperava que tão rapidamente fosse possível e se recuperasse, Foxy partisse para o bosque seguindo de encontro a sua matilha... Mas não. Contrariando a Natureza e instintos, acabara por se sujeitar a nós e reconhecermo-nos como Autoridades sobre ela... Teria sido pelo fato de ainda não ser adulta, estar em fragilidade e temo-la salvo a Vida? Ou haveria muito mais sobre ela do que se poderia ver?
            Terminado meu desjejum e após meu asseio, segui escada abaixo dirigindo-me  para a cozinha levando comigo a louça para lava-la. Vivi preparava dois cestos com grãos, pães e algumas frutas de nosso armazenamento, para escambo na cidade.
            - Enquanto você dormia, achei prudente adiantar as coisas. Você precisava de descanso, mas não podemos nos adiar.
            - Sim! A Chuva deu-nos uma trégua e temos uma longa caminhada pela frente. Receio que será Cansativo e Doloroso, pois, poderei apenas carregar os cestos, temos ainda Violett e foxy. Mesmo que me propusesse a puxar sozinho nosso carro, precisaria de um dia inteiro seguindo pela trilha até a Cidade. Fiquemos.
            - Meu Amado, não estamos sozinhos, o Senhor esta conosco. Acordei cedo não por estar já revigorada, mas precisava conversar com Ele, a assim o fiz. Pedi-lhe que estivesse conosco e nos desse Seu Amor e Misericórdia para que se cumprissem Seus Propósitos e Vontades sobre nossas Vidas. Pedi-lhe que me perdoasse de minhas imperfeições. A resposta veio-me com um sentimento de conforto, depois ouvi um barulho lá fora, algo pisoteava e se debatia... Olhei pela janela, e lá estava a velha mula com suas amarras presas aos espinheiros nos limites do Bosque. Ainda assim, sugiro que você siga só, pois fará o trajeto de forma mais rápida.
            Aquela Boa Nova me trouxe Alivio e Alento... Ele, ainda estava olhava por nós. De imediato não poderia crer, mas conhecendo Vivian, sei que não faria jogos em uma situação delicada como a nossa. Alegria, foi minha resposta ao Brilho de seus olhos pela Fé que possuía.
-Não, meu Amor... Receio por vocês, pois, não é Seguro que fiquem sozinhas, também estarei melhor se poder mantê-las ao alcance de meus olhos. Peço que me acompanhem, também para que a Pequena se distraia, alias, onde ela está? – Perguntei enquanto limpava a louça que carregava.
            -Vou chama-la e arruma-la. Esta lá fora com Foxy. Você estava certo, Violett esta muito bem, e logo a loba estará Forte o suficiente para partir. – Silencio foi minha resposta.
            Pela janela de nossa cozinha podia ver a ambas Brincando, correndo de um lado a outro fazendo cabo de força com uma boneca de trapos. Sem relutância alguma por ter de dar por encerrada suas brincadeiras, minha Pequena atendeu ao chamado de sua Mãe... Foxy, deitou-se ao Sol tendo seu olhar vago, se fosse uma pessoa como outra qualquer poderia dizer que sentia falta de algo... Da matilha? Se assim o fosse, por que não partia?
            Não demorou muito até que estivéssemos todos prontos, com a mula alimentada e presa ao carro. A pobre coitada apresentava magreza, estava suja e com escoriações, notei-lhe ferimentos e marcas de sangue... Dispomos os cestos, dois cântaros de água, biscoitos e bolos para a viagem, um pouco de feno para venda e para tornar a viagem de minhas Amadas mais Suave, também para alimento de nossa mula, talvez ainda, para nos ajudar a acender uma fogueira em caso de tardarmos nosso regresso... Espero que não. Estando todas acomodadas sobre a boleia, Vivian tendo as rédeas em mãos e eu ao lado da mula para guiar-lhe pelo caminho tortuoso e enlameado... Partimos.



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

'''-Calmaria & Paz Roubada-'''







Com uma Forte pontada em minha cabeça despertei, ainda Confuso e Cambaleante. Vivian ainda dormia tranquila e docemente. Lá fora o Mundo parecia em Paz, enquanto que a minha, me fora Tirada... Arrancada por Garras Dilacerantes. Violett que encolhia-se  entre nós a procura de aconchego e proteção, não mais se encontrava sob nossas ‘asa’. Não estava em nossa cama, e não estava ao redor... Chamei por ela olhando ao redor e não obtive resposta, ainda com a Visão turva e difusa e a cabeça pulsando, levantei-me cambaleante. Chamei por Violett mais uma, duas vezes e com a voz mais alta, meus chamados acabaram por acordar minha Amada, que prontamente pôs-se em pé sob um Espírito de Pânico. Sentimento que crescia descontrolado dentro de mim.
Uma gélida Brisa soprou um Aroma de folhas e petrichor, me apontando para um feixe de Luz que entrava pelo alçapão Aberto, por onde minha Pequenina teria saído ou sido levada.
Em meu Espírito era travada uma Brutal Batalha a não deixar-me ser tomado pelo Pânico ou qualquer Pensamento que pudesse agir a atrair o Pior. Minha Calma Forçada mantinha, Também, Vivian sob Controle. Juntos subimos à cozinha, juntos chamávamos por nossa Princesa, Clamando por uma Resposta e Juntos invocávamos Todo o Nosso Amor. Procuramos por toda a casa... E não a encontramos. Com mil e um pensamentos e possibilidades em mente voltamos dos quartos para o primeiro nível, onde, olhando-nos profundamente nos olhos inflamados por um choro contido, nos meus havia Dor, Pânico, nos de Viviam Desespero. Abri meus braços em Amparo, mal os havia estendido  e vacilei sobre o mesmo ponto quando Vivian chocou-se contra meu peito, em um abraço Profundo, comprimindo-me não somente a carne, mas, também o espírito. Seu choro rasgara-me a Alma. Tudo era quieto, uma Calmaria pesada e Infernal que nos Roubava a Paz em meio ao nosso Desespero... Ouvimos o barulho de folhas que rolavam pelo chão, vindas da porta arrombada pelo Vendaval, prontamente entendemos o que aquilo significava, Violett poderia estar perdida no bosque e correndo Grande Perigo.
Engolindo o choro e retomando as Forças e o Controle, Vivian pôs-se a correr em direção ao Bosque. Ao primeiro passo fora de casa o Sol Forte quase me cegara. O Céu era Nublado, mas, não Nebuloso, a Terra era Fofa e marcada pelos nossos passos.
-Violett! Filha!!! –Gritávamos para todos os lados, sem saber ao certo em que direção seguir.
Olhei ao redor e tudo era o Caos, nossa casa não havia sido revirada somente por dentro, mas, fora atingida por grandes galhos de arvore e em parte destelhada. A horta fora destruída, revirada; havia penas espalhadas onde o Temporal pôs abaixo o galinheiro; não se ouvia os porcos, de certo, mortos ou fugidos, nossa mula deveria estar a léguas de distancia. Mas, minha Atenção não era para Nada Material e Sim para algo Único.
Vivian estava em um Silencio Profundo olhando fixamente para o Bosque, varrendo cada centímetro com os olhos, girando sobre os calcanhares, era toda Atenção, posso afirmar que seus ouvidos poderiam auscultar até o menor dos insetos arrastar-se pela terra fofa e encharcada. Fechando os olhos, parecia Evocar algum Poder Materno. Despertando Repentinamente de sua oração, com Espanto nos olhos e um Sussurro nos lábios –Violett - Rompeu em disparada Bosque a dentro, rumo a Noroeste.... Seu Sussurro tornou-se um Clamor e por fim em Gritos.
-Violett! Minha Filha!!! Mamãe esta chegando, papai esta aqui.
Em Silencio eu Clamava ao Pai, para que estivesse ao lado de Violett, não houve resposta alguma, senão, um Calor que atravessou-me o peito e espalhou-se por todo o meu Corpo...
Enquanto corria Bosque a dentro, ignorava ervas e espinheiros e “ramo-secos rasteiros” *. Aos tropeços Vivian avançava ‘cega’, eu a seguia passos atrás, para ter um campo de visão amplo, de toda a situação, enxergando o mais longe possível. – “AAAALI, AAAALI”. – Guinchou uma Águia, que acima das copas cruzou sobre nós apontando o caminho logo à frente. Meu corpo Estremeceu, novamente aquele Calor percorreu-me, fazendo-me sentir um formigamento que se espalhou dos pés a cabeça, dando-me tempo para uma Postura Rígida e Firme quando por fim, alcancei Vivian e segurei-a pelo braço.
-Vivian fique Calma!. – Clamei. Ela avançou ainda por cinco passos, até que percebera a Intenção de meu Clamor. Calmamente aproximei-me  por trás dela, segurando gentilmente seus braços e sussurrando-lhe ao pé do ouvido, pedi-lhe calma.- Tudo ficará Bem! – Prometi-lhe beijando-a ternamente próximo ao pescoço, e comprimindo-lhe os braços em um incentivo a ser Forte. Deixei-a onde estava e avancei lentamente, parando para pegar, ao chão, uma fita de laço , enlameada, que Violett usava nos cabelos, a todo o momento, mantive meus olhos mais a frente, para o que havia mais adiante. Algo jazia morto, aos retalhos numa explosão de sangue e vísceras.
-Rafael!!! -Gritou Vivian com voz Tremula. Sem olhar para ela, fiz um gesto para que mantivesse a calma.
- É apenas um dos porcos. Violett esta bem, olhe lá adiante.
Mais um, dois, cinco, dez passos e parei com os olhos fixos em Violett a cinco metros de mim.
-Violett!? Querida, é o papai. –minha pequenina estava de costas para mim, agachada junto ao que parecia ser outro animal morto.
-Querida, você esta Bem?
Ela virou-se para mim, estava toda desarrumada, salpicada de lama e com Sangue pelas mãos, pela roupa, também rosto e cabelos.
-Violett!!! –Gritou Vivian avançando a passos largos, quando cruzava por mim segurei-lhe firmemente, ficou sem reação.- Solte-me! Minha Filha... Sua princesinha... – Ela esta bem. – Eu disse, pois, a pequenina tinha um Lindo Brilho de Inocência no olhar e um Largo Sorriso.
- Minha Filha!.- Argumentou Vivian tentando desvencilhar de mim
- Calma! Olhe! -Contra argumentei. – Fique Calma, Quieta! – Ordenei .
Ao meu comando, Viviam parecia não me reconhecer, pois, jamais usara com ela o tom Rude e Autoritário  que se fizera necessário naquele momento.
A figura aos pés de Violett visivelmente era uma filhote de lobo, avaliando pelo tamanho, quase adulto.
- Filha, esta tudo bem? Esta machucada? – Questionei-a de forma Suave e Confiante enquanto Lenta e Calmamente avançávamos, Vivian e eu.
- O que você esta fazendo Rafael? Pegue-a Logo, Amor... Meu Amado!
-Amanda minha, é um filhote de Lobo, aparentemente morto. Se assim o for, melhor, senão... Os Lobos jamais abandonam a Família, uma Matilha é Sempre Leal. Vamos com Calma.- Pé por pé nos aproximamos.
-Vem papai. Ela tá machucada.
Aquela Calmaria e falsa Paz que Pesara sobre nós era um Tormento, revirava-me o estomago. Deixei que Viviam seguisse a frente. Logo abriu os braços e Violett correu ao seu encontro, para os Braços e Abraços de uma Mãe Zelosa.
-Te Amo mamãe vamos cuidar dela, né? Ela é minha Amiga e eu gosto dela.
O animal respirava com dificuldade, tinha uma dilaceração sobre as costelas. Abracei e beijei a ambas, Vivian e Violett; que também era beijada por minha Amada, ao passo que percorria com as mãos todo o corpo da pequenina a procura de ferimentos.
-Você esta bem , minha Filha. Agora esta a Salvo, com a mamãe e o papai. Esta Segura.
- Vamos voltar, não é seguro que continuemos por aqui. –Sugeri. Assim que demos os primeiros passos a lobinha pôs-se a chorar e quanto mais nos distanciávamos, mais alto ela chorava. Violett também estava inquieta.
-Não, papai. Não! Ajuda ela.
- Acalme-se minha filha.- Apelava Vivian
A inquietude de nossa pequenina fez com que se desvencilhasse de Vivian, pondo-se de encontro a moribunda criatura, que parecia reconhecer e reagir positivamente ao toque de Violett. Acalmando-se.
-Amor, Rafa! Não podemos deixa-la solta. Venha Violett, - dizia enquanto puxava Violett pela mão, esta por sua vez negava-se relutantemente em prosseguir conosco, distanciando-se a loba chorava.
-Espere Vivian! Escute meu Amor. Temos que evitar mais e maiores traumas e estresse à Violett. A Matilha deve estar por perto e, voltando ou não, seria Cruel demais deixar a loba aqui, sem cuidado algum. Estando conosco, e ainda regressando ou não a Matilha, representará uma maior Segurança a nossa Família. Com alguma certeza posso lhe afirmar que as aldeias visinhas sofreram muito com a  tempestade, estamos desprotegidos com nossa casa arrasada, e com muito pouco para saque ou escambo. Levemos ela conosco.
-Você esta louco??? É um lobo.
-Sim, eu sei. Ainda é um filhote, esta ferida  e sem matilha, além disto parece gostar de Violett... Ela irá conosco ao menos, enquanto estiver Saudável estaremos livres da matilha (...) e quem sabe de possíveis saqueadores solitários... Então, que seja somente até que possa se virar sozinha.
- Você é um grande cabeça dura teimoso, mas, Confio em você.
Assim, com Viviam carregando Violett em seus braços e eu a pequena fera, voltamos para casa seguindo por uma pequena trilha, evitando os espinheiros, pois, passada a Tensão e Adrenalina os arranhões começavam a arder.
-Bem, é hora de trabalhar. – Disse Vivian mais calma, ainda que, escondendo por trás de um meio sorriso a Dor pelos estragos e Susto vivido. – Mãos à obra. – Vivian estava mais calma.
- Não! Você não... Eu sim. Leve Violett para o abrigo, fique com ela e descansem. Já se passou a manha, não há muito o que se possa fazer agora, logo a Noite Cairá. Vou juntar o entulho, escombros e Selar portas e janelas. Hoje, o trabalho é todo meu, pois, amanhã deveremos ir até a cidade para negócios e sondar os acontecimentos... Não é seguro que fiquem sozinhas por aqui. O melhor é que estejamos Juntos.

Havíamos perdido praticamente tudo... Nossa horta, animeis, a lenha estava molha, celeiro posto a baixo e casa revirada e parcialmente destelhada. Mas, estávamos bem e ainda tínhamos nosso armazenamento. Dei inicio ao trabalho com grande pesar por ver a tudo arruinado, nosso Templo de Paz e Conforto fora posto ao chão, mas nosso Espírito de Unidade e Fé, permanecia Inabalável. Veio a noite e reuni-me com minhas Amadas, que já haviam se banhado e preparado uma simples refeição com a lenha que mantínhamos em casa. A casa já estava com portas e janelas seladas, tudo as escuras, para não chamar muita atenção. Para nos aquecermos ascendemos as lâmpadas a óleo junto a nós no abrigo. Nossa estranha hospede fora acomodada na cozinha próxima a entrada do nosso abrigo, aquecida pelo calor de nosso fogão. Mais tarde após nossa refeição permitimos que Violett alimentasse  a pequena fera com lebres de caça. Difícil poder afirmar, mas parecia que Violett possuía um Grande Espírito de Cura, o que  fizera com que a Lobinha se habituasse rapidamente aos cuidados e carinhos de nossa Princesa.
Naqueles primeiros dias tratamos de reorganizar a casa, reforçar portas e janelas, e assim passaram-se três dias completos.





 




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Isadora McB. Night (Testamento)



            Fragilidade é a Imagem que Isadora McB Night transparecia... Mas, de alguma forma, como que com um grande Talento, deixava sua Imagem e até mesmo Postura e Comportamento de uma Refinada Condessa dona de Grande Fortuna e Maravilhosa Fortaleza, para assumir a Identidade de uma Rústica Camponesa “paganis’ (pessoas de vida simples, trabalhadores do campo, com crenças voltadas à Natureza), deixando de lado todo o seu Requinte, olhar Vivo e Sedução, de movimentos Sutis. Isis Bloodrain, era sua fuga para Mundo além de suas Muralhas... Era seu Portal de Entrada para m Mundo sem Olhares Cobiçosos, Gananciosos, onde podia Vagar por onde quer que fosse, sem ter de se acompanhada por seus Serviçais. O Umbral deste portal eram os “Moon’d’Lupi” –Seus criados Pessoais e Valiria Paganis, filha destes.
            Como Isis Bloodrain, era uma garota de Grandes Mistérios... Como Isadora McB Night, um Profundo Poço de Desejos, Segredos e Intenções.
            Muito pouco sabia-se a seu respeito, na realidade, nada sabia-se além do que à vista, podia-se ver, ou seja: Mulher de Aparência Jovial, Beleza Única, Detentora de uma Grande Fortuna, Poder e Influencia, ao menos, é o que demonstravam os Suntuosos Bailes de Mascaras e Jantares. A presença de tão bem trajados convidados, vindos em tão belas carruagens, a todos transparecia que eram Importante Personalidades, de Grandes Famílias tradicionais, com Belos e Joviais Cônjuges, filhos e filhas; Sedutores e Virginais.
– Gente estranha. Pensava-se. –De que grande Império seria Herdeira para esbanjar tamanha Fortuna a atrair outros tantos visitantes, também de Grandes posses, vindos em Grandes e Luxuosas Comitivas, à contemplar seus Grandes Bailes e Jantares, Ágape. E que Segredos, Histórias e Mistérios ocultaria aquela tão Encantadora e jovial Beleza? – estes eram alguns dos principais questionamentos feitos uns aos outros aldeães residentes de toda a região circunvizinha de “WaterFord”.
            A Mansão “FortRock” como era conhecida, por ter sido erguida com Rústico Requinte em granito, hoje tomado por Densa Relva e pequenas janelas e muitos vitrais. Fora construída em a cerca de um século, pelo suposto Patriarca da Família de Isadora.
            Homem de Expressão Dura e Severa, Olhar Frio , e de Hábitos  Excêntricos e Peculiares,(participava de Duelos de espada e tiro. Nos de Espada, os ferimentos nunca o abalara; nos de tiro, parecia nunca ter sido atingido). Ninguém parecia saber de sua Vida, Homem reservado. Sabia-se ser dono de uma Inestimável Fortuna adquirida, diz-se, de anos de Tradição Naval Mercantil. Proprietário de uma flotilha mercante, Allan Hangcruel (Cap. Frost) como era comummente chamado pelos tripulantes quando decidia, ele mesmo, comandar uma de suas embarcações; casara-se com Samanta Siegel  D’Munique (mulher de grandes posses e poder), expandindo assim, suas Riquezas, Domínio e Poder, dando inicio a Poderosa Família B. Night.

            Allan B. Night mantinha sua Fortuna principalmente como Mercador e Agente de inúmeras outras Importantes Famílias, por todo o Velho Mundo. Fizera fortuna como mercador de Relíquias religiosas, como sarcófagos e itens Únicos de Templos pelo Mundo, e especiarias encomendadas por grandes comerciantes. Muitas Famílias tradicionais com quem mantinha próximo contato o procuravam seus serviços como agente, para assim, espalmarem pelos cinco Continentes.
            Allan também prestara grandes Serviços a coroa levando o “lixo Humano” dos calabouços para as “Ilhas Cárcere”. A alcunhe de Capitão Frosty viera quando ele mesmo tomava o comando de suas Nau, transportando seus “Amigos de Poder” pelos 7 mares para habitarem em novas terras, pois quando assumia o comando, era homem destemido. Sua Frieza e Rigidez o fazia seguir Cortando o Oceano, como o Vento Frio, fazendo-os parecer uma seta certeira no alvo, uma Lâmina de fio agudo na macia carne de Netuno. Nestas empreitadas não era Surpresa a falta de alguns homens, de certo... Caídos no Mar.



                                                    '''-(Continuação)-'''



De nada se teria conhecimento, quer seja de sua história ou atividades e costumes, não fosse o fato de Isadora, já há algum certo tempo, estar sendo observada tendo todos seus passos seguidos. Quando em suas idas e vindas às Cidadelas, era observada de muito, muito perto. Seu percurso de volta a Velha Mansão era seguido por entre as Arvores... Quando em casa, era observada, tendo seus costumes observados ao longe, por entre o arvoredo que cobria toda a volta da Mansão, mantendo a discrição do lugar, em meio à extensa planície salpicada de Carvalhos e Coníferas, cortada por pequenas estradas acidentadas por cascos e carroças e carruagens. Sua mansão se desviava cerca de duas Milhas da principal Estrada.
            A Condessa muito pouco se expunha, e muito raramente dirigia-se aos distritos vizinhos, quando o fazia preferia o frescor e discrição Noturnos. Vez que outra era vista durante o dia, cercada de criados, tendo Valiria, sua criada pessoal, sempre ao seu lado, coordenando aos demais.
            Valiria era moça de Traços Suaves e Semblante Duro, aparentando não mais que 15 anos de idade. Sua Doçura, por vezes desfazia-se em Fel. Não provinha de Rico Berço, porém, cabia-lhe o Nobre Dever de garantir o Bem Estar de sua Senhora. Tarefa de Grande Responsabilidade, Honra e Importância, demonstrando Imensa Confiança em seus Serviçais e Cuidados.
            Em meio a toda impostura da Mansão, e Frieza de sua Arquitetura, o ambiente ao redor e dentro dos Limites das Altas Muralhas sugeria Sutileza e Requinte, Graça e Beleza... Alerta e Perigo. Por toda a extensão das muralhas, pela parte interna, corriam largas linhas de Arbustos espinheiros com flores de tons que variavam do Violeta ao Carmesim, crescendo entre seus ramos. Em todo o resto que não fosse área construída via-se Pomares, Pinheiros.
            Um Imponente e Nodoso Carvalho cercado por Bétulas e Salgueiros formava a figura de um “Circulo ponto” de duas camadas, com as Bétulas à margem. Um caminho de Pedras seguia do Grande Portão até o átrio de entrada, interligavam-se as aglomerações de Pomares, Pinheiros, a uma fonte com a figura de Venus cercada por tritãos e sereias, a um espelho d’água, a estufa, e por fim ao Circulo Ponto... Aqui e ali, margeando de forma descontínua estas trilhas, viam-se inúmeras espécies de rosas e cravos. Em Beleza e Singularidade à entrada da Propriedade e por toda a volta da mansão, estavam as mais fascinantes e Alvas Rosas, de uma Brancura Única.
            Em uma rara aparição diurna, Isadora pode ser vista sair pelo Imenso Portal da Mansão, precedida por seis criados á montar uma larga tenda de setas e pesados tecidos de tons de cor Negra e Púrpura. A Condessa seguia tendo Valiria ao seu lado, e mais criados acompanhando-a, fazendo-lhe sombra com uma armação parecida com a que montavam próximo ao espelho d’água, protegendo-as do Sol de fim de tarde. Tão logo fora instalada à beira d’água, parte da criadagem retirou-se para logo em seguida retornar com Jarras e Bacias do mais Puro Ouro, onde Isadora pode lavar o rosto e as mãos, sendo assistida pela criadagem que se apresentou para alcançar-lhe toalhas, Carmesim. Ali, abrigada do Sol, falava aos criados no que parecia ser um tom de Alegria, Ria audivelmente, então passou a gesticular para a criadagem fazendo gestos circulares com as mãos, ora apontando para o Casarão, ora para o centro e arredor de sua Larga tenda. Os criados parecendo relutantes, passaram a ser então comandados por Valiria, sempre prestativa aos Desejos de sua Senhora. Todos então se retiraram, seguidos por Valiria, retornando após instantes o que parecia ser todo o contingente de criados, cerca de quinze indivíduos divididos entre cinco homens, dez mulheres e a Criada Pessoal, carregando bandejas cobertas e travessas de frutas. A Condessa pareceu ainda mais animada quando todos se aninharam a sua volta, banqueteando-se de frutas e tortas, bebendo bebidas quentes. Isadora não fez questão de provar dos frescos frutos ou das tortas, contentara-se em apreciar o que parecia ser especo vinho de frutas que lhe davam um tom entre o Rubro e o Bordo.
            Com a chegada da Noite, Coberta por um Belíssimo Manto Estrelado e uma Gigantesca Lua de Brilho intenso, Isadora, com auxilio de Valiria e mais uma criada, despiu-se, lançando-se em seguida a banhar-se no grande espelho d’água que refletia um Belo Brilho Prateado. A criadagem, que ali estava, pouco a pouco se retirou para que sua Senhora desfrutasse de privacidade. Archotes foram acesos pela grande área ao redor da Mansão e pelos seus corredores internos dando a tudo um tom lúgubre. Isadora, banhava-se como se estivesse em uma sessão de relaxamento... Dançava, girando em círculos e gesticulando com as mãos, traçando desenhos pelo ar, como que em um ritual à Mãe das Águas ou à Deusa Lua. O brilho prateado da Lua em nada contrastava com a Alva imaculada Beleza e pele alva de Isadora, envolvendo-lhe em uma Áurea de pureza... A noite avançou e todos se retiraram.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

'''-Tempestade-'''


Torrencial era a Chuva, e Uivante o Vento. Trovões estremeciam nossa Casa por Inteiro, Relâmpagos faziam da Noite, Dia. A Tempestade que se abatera sobre nós veio Feroz.
            Vivian acordara Assustada, e Violett comprimia-se entre nós em busca de Proteção. Prontamente pus-me de pé, sem demora Vivian já estava com nossa pequenina em seus braços. O Vento Gritava, forçando portas e janelas, como que em Ameaça, parecendo nos forçar a sair de casa. Os Céus estavam em Guerra...Um Estrondo, e o Vendaval estava agora em nosso quarto. Tomei Vivian pela mão, e apressadamente saímos rumo ao corredor. Atrás de nós o Vento Lançava tudo aos ares e depois ao chão. Seguimos pelo corredor rumo à escada. O Vento se chocava contra as paredes... Quando no topo da escada, fomos atacados por uma forte Rajada que nos fez oscilar, por um instante de Horror vi minha Amada soltar minha mão e precipitar-se escada abaixo... Minhas Duas Únicas preciosidades saltavam para os Braços da Morte. De forma instintiva e com Grande Reflexo, consegui ainda alcançar Vivian e puxa-la pela mão; desequilibrado e sem apoio cai de costas e de volta ao corredor com Vivian e Violett sobre mim... Vivian Gritava pelo Susto, Violett chorava e Soluçava por Todo aquele Caos. Agora, o Vento sobre nós, corria ora como Correnteza, ora como Fortes Rajadas, parecendo golpes a nos infringir Castigo.
            De volta à escada, descemos apressadamente, eu seguia a frente guiando meus Amores. Assim que atingi o sopé, fitei pela janela procurando ao menos uma pequena parcela do espetáculo de Luz e Trevas que presenciara na Noite anterior... Procurei ouvir os Uivos e Pios, ou o Pesado Silêncio, mas, nada daquilo parecia existir mais. A cada Relâmpago a Escuridão era Desfeita, a Noite iluminava-se como o Dia. A cada Trovão a casa Estremecia, e a tudo silenciava com um Ensurdecedor Urro de Fúria, fazendo até mesmo aquela Forte Chuva Silenciar por alguns instantes.
            Seguimos adiante em busca de Abrigo e Segurança,; cruzando pela sala ouvimos mais um Estrondo e agora, a Ventania entrava também pela janela, chocando-se com a corrente vinda do Nível Superior da casa, criando a nossa volta um Turbilhão de Vento, Chuva, Folhas, e tudo mais o que houvesse em nossa casa... Vivian Gritava e Violett Chorava e Soluçava. Minha Mente era Revolvida por um Amontoado de Pensamentos, Suspeitas, Conspirações, Duvidas, Revolta e Concentração... Meus Pensamentos Giravam em Círculos, não me levariam a lugar algum, ou conclusão alguma, não em meio a todo aquele Terror. Todo o meu Foco, agora, deveria estar na Segurança de minhas Preciosidades... Com tudo aquilo acontecendo era muito Difícil manter os olhos abertos, abracei Vivian que segurava Violett contra seu peito, e com dificuldade consegui guia-la, aos tropeços, em direção da cozinha, onde afastando a mesa tivemos acesso a um alçapão, rapidamente conduzi-as seguindo-as logo em seguida, rapidamente tornando a puxar a mesa, fechar e trancar o alçapão.
            Lentamente descendo a escada, cheguei por fim, ao porão. Um ambiente pequeno, de certo modo, local destinado ao nosso “Armazenamento de Alimentos” e Abrigo Familiar em caso de Sinistro. Local projetado com o Desejo de Jamais ser tomado como refugio. Para nossa melhor acomodação possuíamos ali, a disposição, uma confortável cama de palha e plumas, onde agora minha Esposa em choque e com o Olhar Perdido e Pensamentos Vagos, permanecia sentada com nossa Filha em seu colo, grudada em um Forte Abraço. Sentei-me ao lado de Vivian, abracei-a e beijei os cabelos de Violett... Com os cotovelos apoiados nos joelhos, repousei a cabeça sobre as mãos.
            Lá em cima, o Vento Bufava e Rugia. Atônitos, permanecíamos calados, apenas Ouvindo e Orando.
            Vivian, entre as suas, juntou as mão de Violett em oração, em seus ouvidos recitava algumas palavras para que a pequena as repetisse, aos meus, soavam como:
            -Papai do céu, cuida de nós, nos proteja e não deixe que nada nos machuque...
A oração de minha pequena continuou por mais alguns instantes, porém, minha Mente estava Perturbada, pouco ouvia, e mais uma vez o Vento Bufava e Rugia.
            - Deus é Muito Bom! –Dizia Vivian com o olhar vago, comprimindo Violett em seus braços.
            Violett estava cansada.
            -Deus é Muito Bom!?! -Eu repetia de forma inexpressiva querendo convencer a mim mesmo.
            -Sim! Muito Bom, estamos Juntos, estamos Bem e Olhe, temos nosso Armazenamento. Por mais que o Vendaval tenha destruído a tudo em nossa casa, e por mais quem nos tenho levado horta ou animais, teremos alimento e água para alguns meses. Olhe! Violett dormiu, ela esta bem, apenas um pouco assustada e cansada. E eu... Confesso que meu Susto foi Tremendo, mas, estou Feliz e Agradecida por estarmos em Segurança... E estou cansada.
            Um Susto! Lá em cima algo parecia sacudir a mesa sobre a entrada de nosso Abrigo. Algo parecia Arrastar e Arranhar o alçapão. O Vento continuava Bufando e Rugindo, agora, com uma Fúria quase Bestial. Aquele Terror duraria por muitas horas ainda... Meus Ombros pesavam, meus olhos se fechavam... Os sons sumiam ao longe, a Mente se aquietava... Uma Musica Suave...Um Canto Envolvente...Uma Vóz de Mulher...-Vivian?... Escuridão... Silencio.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

'''-Sussurros ao Vento 2ª Parte-'''




Aquela tarde passou Tranquila, Suave, e a Noite veio Sorrateira e Pesada. Confesso que inebriados em Êxtase e Alegria, a passagem do Tempo nos foi Desprezível, como se fossemos Criaturas Atemporais... Para as quais o Decorrer das Horas Nada Significa. Seres capazes de Desfrutar de Profundos Sentimentos e Prazeres... Sutis... Sublimes.
            A Chuva nos dera uma Trégua e o Vento aquietara-se, porém, uma Massa Fria descia de forma Calma e Gentil.
            O Delicioso Jantar preparado por Vivian caiu-nos agradavelmente ao estomago, fora Simples, mas, de Refinado Paladar. Recolhemo-nos à beira da Lareira, sentados ao chão, conversando e ouvindo historinhas contadas por Violett, pequenos contos sobre coelhinhos, pássaros e lobos que brincavam, tomavam chá e dançavam juntos, sendo gentis uns com os outros e a tudo sendo gratos.
            Mesmo para Violett, o sono chegara tarde. O cansaço abatera-se sobre ela Pesadamente, tamanhas estripulias realizadas por nós em meio a Chuva e Vento. Entre contos e historinhas a voz de minha Pequena, fora murchando e desaparecendo, e sua cabeça que repousava em meu colo pesara. Fora acometida pelo Sono. Vivian Sorria para mim, enquanto beijava-me suavemente sobre os lábios, dissera-me, então, para deitar Violett em sua cama, para que assim, juntos, pudéssemos Contemplar o Céu Estrelado e a Noite Fria.
            Gentilmente tomei Violett em meus braços... Seu Sono era Profundo e seu Semblante Leve, ela respirava suavemente. Seus lábios traçavam o desenho de um Sorriso de traços finos. Vivian envolveu-nos em um manto para que o Frio não perturbasse o descanso da Pequenina.
            Pé por pé, caminhei até à beira da escada que levava aos quartos superiores... Cruzando a sala, olhei pela janela a Contemplar a noite lá fora, mas só havia o Breu que parecia travar uma Batalha com o Archote à beira de nossa casa. E sua Luz oscilava ante as Investidas da Escuridão a sua volta. A Tocha em Chamas Vivas Sangrava tremeluzente, ao passo que Rasgava a Escuridão em Sombras Lúgrubes. A clareira ao redor de nossa casa era tomada pelo Breu Denso, e o Silencio Pesado, pois somente as chamas da tocha eram visíveis, nem mesmo o bosque a 100 pés de distancia era possível distinguir... A luz jazia, como que um moribundo Sentinela em defesa de nosso lar, prestes a Sucumbir diante de um Inimigo Sorrateiro. O único som que chegava aos meus ouvidos, vindo de fora, era o farfalhar de folhas secas, e ao longe, um Lobo uivante. Toda esta encenação roubou-me a Atenção...
Um profundo Suspiro de Violett veio a Libertar-me de toda Aquela Magia Hipnótica, seu Sono era Profundo, era Tranquilo, era Pesado. Ela remexia-se em meus braços buscando melhor conforto. Lentamente subi a escada rumo ao seu quarto, sem falhar um único degrau, prolongando ao Maximo sua estadia em meus braços.
Já em seu quarto, repousei-a sobre a cama de palha e plumas, e a cobri até o pescoço com uma Bela colcha de retalhos coloridos, feita por minhas duas e Únicas Preciosidades por sobre Toda esta Terra.

-Ela ainda dorme?! – Sussurrou Vivian da porta
-Sim! E dorme como uma princesa dos contos. Linda como de certo você também o fora. Tenho certeza de que você era igualzinha, na idade dela. –respondi-lhe enquanto aproximava-se. Chegando até nós, Vivian acariciou-me os cabelos, e beijando ternamente Violett, disse-me:

-Não recordo-me muito de mim mesma, ou como era. Confesso. Embora eu possivelmente tivesse, sim, a mesma Imagem de Violett, ao certo não desfrutava da mesma Pureza e Inocência... Não, não de uma forma luxuriosa ou Vulgar, mas, frutos de Pais Humildes e de Família Pobre, meus Irmãos e eu desde muito cedo tínhamos de trabalhar ou ajudar na lida de casa. Allan e Patrick, meus Irmãos mais velhos ajudavam nosso Pai na criação de porcos e cabras e no campo. Susie e eu, ajudávamos nossa mãe com as galinhas, em casa, e na venda de nossos produtos. Não pode-se dizer que tenha há muito a recordar de mim, ou de como fora minha infância, mesmo assim, minha infância correu aos meus olhos... e você meu Amor? Como você chegou aqui, você também passou por... – Um Nascimento e Infância? – Interrompi-a poupando-lhe de algum constrangimento diante de si.

-Para que pudéssemos vir a Herdar as Terras de Nossa Possessão, meus Amados Irmãos e eu. Tivemos também de passar por um processo de “Nascimento e Crescimento”. O Primeiro, diferente daquilo que você esta acostumada a ver, digamos que fomos concebidos infantes, crescemos como crianças, ditas normais, não fosse pela nossa Consciência de Natureza, claro que ainda tudo dentro de uma “Óptica adequada a um ser pequenino” que carece aprender sobre a Vida sob a Carne. Ademais, hoje, muito permanece oculto sob uma Névoa de muitos Anos que se passaram desde então. Sei que tive horas de brincadeira, mas, fora treinado para Liderar e Subjugar.

Vivian parecia ouvir-me com certa familiaridade com minha Vida e História, porém, sua expressão era de total Fascínio. Permanecera por um longo tempo, sentada aos pés da cama segurando-me a mão, enquanto que com a outra acariciava Violett. Eu, sentado ao lado da cama em uma cadeira de escrivaninha em nada pensava.

-Ela dorme tranquilamente, vamos para a cama?- Vivian levantara-se e pela mão puxava-me, para que com ela, fossemos para nosso quarto.

-Desculpe-me meu Bem, mas, quero ficar com ela nesta noite... Dorme tão bem, que gostaria de permanecer ao seu lado zelando pelo seu sono.

-Tudo bem, mas, não se demore e certifique-se de que a janela esta bem trancada. Esta “Calmaria”, dos Ventos nesta Época do Ano não é normal, é possível que uma grande Tempestade nos pegue de surpresa.

-Sim meu bem, você tem razão. Cuidarei de tudo.

            E Realmente tinha toda a Razão, também por mim o “Tempo parado” fizera percorrer a sensação de que uma tempestade poderia se formar. Dirigi-me até a janela entreaberta e fitei aos céus, como que um Negro Manto Salpicado de Estrelas... Limpo. O Ar, parado... Ainda ouvia-se as arvores a serem alvoroçadas por aves e outros animais de habito noturno... Em uma arvore próxima uma Coruja emitia um Gorjeio longo e arrastado, em algum lugar acima, uma Águia Guinchava parecendo querer assustar suas presas, para poder cair sobre elas em perseguição. Agora, mais Lobos juntavam-se ao primeiro em um Coro Uivante. Fechei a janela do quarto e voltei a sentar-me à beira da cama, ali permanecendo a contemplar a beleza de Violett, enquanto dormia e suspirava. Talvez tenha sido o primeiro momento de descanso a minha mente, que até ali, estivera absorta em pensamentos, alguns agourentos, outros, aterrorizantes, como a ideia de ter de deixá-las. Violett parecia possuir o poder de Curar-me das Dores e Doenças de minha Alma Flagelada e Espírito Antigo e sobrecarregado. Ali com ela, em nada mais pensava.
Tamanho era meu conforto que vacilei por umas três ou quatro vezes, deixando minha cabeça pender, e acordando sob susto, algo não estava certo... Violett continuava a dormir, aproximei-me, e cauteloso beijei-a sobre a fronte, parecia estar bem. –preciso descansar- disse a mim mesmo forçando-me a aceitar a ideia de que “todo” meu pressentimento não passava de pura impressão.
Acomodei-me novamente em minha cadeira, que agora deixara-me com dores, pela posição desconfortável. Rindo de mim mesmo pela minha paranoia, preparava-me para me levantar e deitar-me junto de Vivian, quando a janela parecera “explodir” sob um grande estrondo, empurrada por uma forte rajada de vento, diferente de todo o Vento “Natural”. Este, possuía uma densidade anormal, quase que tateável, percorrera a todo o quarto sem nada derrubar, sequer fizera com que a lamparina titubeasse. Invadira o Ambiente com Força e Rapidez, quando parecia ter percorrido todo e cada espaço a nossa volta acalmara-se fazendo de sua chegada “desesperada”. Eu, parecia ter sido pego em um abraço sufocante, “aquilo” parecia vivo, pulsando Rítmico, não como um coração a bater, mas, como uma Sinfonia Regida pela própria Vida. Toda aquela anormalidade de certa forma me era familiar... No fundo, sabia que não deveria lutar contra aquilo, aquietei meus pensamentos, relaxei os músculos, clareei a mente e abri o coração, “trazendo a superfície” meu Espírito Imortal, o “Vento” remexia-se inquieto, fazendo uma leve pressão gelada sobre meu rosto, parecendo acariciar-me... Aquietou-se e então uma voz me falou?

“-Arcanjo... Rafael...
 Ouça Rafael, aquele que é Chamado Arcanjo. O Anjo Redimido com a Marca da Anistia... A mesma da queda, a mesma da ascensão...” – Sussurrava o vento aos meus ouvidos

-Confesso de Todo o meu Coração que temia por Violett e que grande era o meu desejo de abrir os olhos e virar-me a encarar o estranho invasor, mas em meu peito era sabido que se assim o fizesse, o Ousado Visitante Partiria. Por ter chego tão longe, em invadir minha casa, e pelo tanto que sabia a meu respeito, não me parecia desejar causar-nos dano... Como Poderia conhecer a mim de tal forma, que somente meus Irmãos Amados e as Altas Esferas Celeste poderiam conhecer... Minha Historia jamais fora contada, agora, me interessava por sua mensagem, transmitida por uma voz perdida sob vento, voz sem forma, sem gênero.

“-Arcanjo... Fortes Tempestades trazem Grande Destruição, Muita Mudança. O Sol Arde, mas Grandes Nuvens Ofuscam seu Brilho, Ocultam seu Poder, Dispersam sua Força. A Criatura Criadora Morde a Mão que o Alimento, Distorce, Deturpa, Corrompe, Se Corrompe.”

Muita coisa me ocorria a mente enquanto ouvia. turbilhões de imagens percorriam minha mente...Guerra, Morte, Massacre. Destruição, Caos e Opressão. Inúmeras questões vieram-me a mente e projetaram-se para minha boca, mas, quando fui proferi-las houve apenas mais um Sussurro.

“- Vá!... Vá Arcanjo!, Erga Teu Escudo e Empunhe Tua Espada... Reclame tua Herança... Alianças... Honra... Segue Seguido... Irmãos... Família... Partam...”

Tão Rápido como entrou, aquela distinta presença partiu. E quando saiu, foi como se eu tivesse emergida de Águas Profundas, buscando Fôlego e Sentindo um Frio de Morte... Com grande estardalhaço partira, porém, de forma cuidadosa, nada levando, mas, deixando sobre o peitoril da janela Uma Flor de Sangue ( Bela e Formosa como uma Rosa Selvagem, esta porém, faz escorrer de suas folhas um fino “Orvalho Carmesim”, para proteção da planta, Sonífero para alguns... Mortal para outros).
A Flor de Sangue sobre o peitoril da janela trazia consigo uma Mensagem e um Mistério... Aviso ou Ameaça... Amigo ou Inimigo. De certo, o Agente causador de tal fenômeno muito sabe a meu respeito, de minha Historia, de meu Passado e de meus Convênios, Dádivas e Maldiçoes... Violett ainda dormia, fazendo parecer do visitante um amigo trazendo uma mensagem de Alerta, e não um intruso causador de Caos.
Um Estrondo e um Forte Clarão fizeram estremecer a casa e iluminaram a tudo lá fora. E uma refrescante brisa soprou sobre nós, trazendo o frescor de uma chuva ruidosa, mas, bem vinda... Agora, parecia que a matilha lá fora, estava mais próxima e sobre ataque a uma presa... Uivos, rosnados e sons de luta se ouvia. Tomei Violett em meus braços novamente e a repousei em minha cama, para não assustá-la, dormiria entre mim e Vivian. Chegava uma Tempestade.